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PROCURA POR IMÓVEIS DEVE CRESCER 15% ATÉ 2024

Em cinco anos, demanda será de 32,1 mil novos domicílios, estoque de imóveis à venda na cidade é considerado baixo.

24 Set 2019

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Segundo estudo encomendado pelo Sebrae a respeito da oferta e da demanda imobiliária em Londrina, a demanda domiciliar na cidade pode chegar a 32,1 mil domicílios até 2024. O número representa um crescimento de 15% sobre a quantidade registrada em 2018, que era de 201.150 domicílios. O índice de crescimento domiciliar é de 2,5% ao ano, com uma média de 5,4 mil domicílios.

A maior demanda está nas classes B2 - com faixas de renda variando entre R$ 4.164 a R$ 7.875 - e C – com renda de R$ 1.255 e R$ 4.164. Nessas faixas, a projeção de demanda é de quase 5,9 mil e 15,7 mil domicílios, respectivamente.

O estudo realizado pela Brain Inteligência Corporativa foi apresentado a pequenos empresários da Construção Civil nesta sexta-feira, com o apoio do Sinduscon Norte do Paraná.

“O ano que vem tem tudo para ser o melhor dos últimos dez anos”, disse o sócio-diretor da Brain Inteligência Corporativa, Fábio Tadeu Araújo. Segundo ele, um dos fatores que corroboram com essa expectativa é a taxa de juros e a recuperação econômica, pois a queda da taxa de juros reduz o valor da parcela, e amplia o público potencial capaz de comprar o imóvel. E a recuperação econômica tende a diminuir o desemprego e aumentar a renda, explica o sócio-diretor.

Para ele, a forte redução do estoque de imóveis à venda na cidade também traz otimismo, uma vez que abre oportunidade para novos lançamentos. A pesquisa mostrou que o estoque de imóveis à venda em Londrina é de cerca de 2.250 unidades residenciais e 200 salas comerciais. 

Um segmento com baixa oferta e grande oportunidade para a Construção Civil é o de imóveis na faixa de R$ 190 mil a R$ 700 mil, chamadas de standard e média, que estão imediatamente acima das faixas de preço dos imóveis do Minha Cada Minha Vida. “Quase 90% do que entrou no mercado nesses dois segmentos já foi vendido”, diz Araújo. 

Os imóveis do Minha Casa Minha Vida, por sua vez, têm uma demanda perene. “Existindo oferta, tem demanda sempre. Não sendo um produto no meio do nada ou mal construído, existe demanda. Esse é um segmento que em todo o Brasil a questão não é a demanda, é a oferta.”

A perspectiva de redução nos recursos direcionados ao Minha Casa Minha Vida pelo governo federal, no entanto, poderá afetar esse mercado. “É uma questão que é uma incógnita ainda. No orçamento previsto para o próximo ano, o governo federal está colocando quase metade do que está sendo gasto com o Minha Casa Minha Vida esse ano - uma redução de R$ 4,5 bi para 2 bi. É uma queda muito expressiva. Se acontecer essa redução, haverá um baque na capacidade das empresas de colocarem projetos.”

Para Gerson Guariente Junior, vice-presidente do Sinduscon Norte do Paraná, atender à demanda crescente por domicílios em Londrina envolve a liberação de linhas de crédito, especialmente para a população de baixa renda. “Estamos dependendo de uma mudança de visão da política habitacional por parte do governo federal, de uma instrumentalização correta ou normalização de linhas de crédito para faixas de renda mais baixas. Estamos procurando sensibilizar tanto o executivo quanto o legislativo para a importância da reativação desse mercado com consistência.”

SETOR ESTÁ OTIMISTA, MAS COM 'PÉS NO CHÃO'

Os sinais mais positivos do mercado imobiliário fazem com que os empresários se sintam mais animados para lançarem novos empreendimentos. “Na prática, viemos observando uma tendência de melhora do ano passado para esse”, conta Aline Yamaguti, empresária do ramo de Engenharia Civil. Com a confiança do investidor aumentando, mais projetos começam a ser viabilizados, ela acrescenta. “Estamos conseguindo viabilizar e vender, não só lançar.” Para 2020, a empresa de Yamaguti estuda lançar casas na Região Norte e loteamentos.

Após passar o ano apenas realizando projetos de terceiros, uma empresa de construção de casas de médio a alto padrão se sentiu mais confiante este ano e vai lançar dois empreendimentos no começo do ano que vem. “Do ano passado para cá tivemos melhora. As pessoas estão procurando mais (imóveis), mas ainda demoram mais tempo para tomar uma decisão”, disse Marcelo Henrique Pelegrini Rocha, sócio da empresa.

 

Segundo Fábio Tadeu Araújo, da Brain Inteligência Corporativa, crises longas alteram o comportamento do consumidor. “Vai demorar alguns anos de boom para as pessoas mudarem de novo o hábito (de consumo). As pessoas passam a ser mais críticas em relação à economia. O mercado potencial é enorme, existe demanda reprimida, mas tem que tomar cuidado com o custo (dos imóveis).”

Embora as empresas do setor que atendem as classes mais baixas estejam otimistas para 2020, estejam elevadas, elas estão mais com o “pé no chão”, afirma Rubens Negrão, consultor do Sebrae. “O setor da Construção Civil é fortemente dependente da política econômica para a habitação. A gasolina do setor é a taxa de juros. Se você tem taxa de juros baixa, acessível, o setor começa a se movimentar. Se realmente se concretizar todas essas manifestações de taxa de juros, recurso voltado à habitação, com certeza esse setor vai ter um aquecimento elevado.”

Fonte: Folha de Londrina